Pela manhã do
dia seguinte organizamos nossas coisas para nos mudarmos para a pousada de
Davi. Enquanto organizávamos nossas
coisas, Richard tomava banho de sol somente de cuecas sentado em posição de
meditação sob a grama do quintal. Pouco antes de partirmos ele entrou e disse
que já tinha “se alimentado”. Nos despedimos, o agradecemos e partimos.
Davi nos
recebeu, me ajudou a colocar a moto no local reservado, recebeu o dinheiro e
nos deu uma cópia das chaves. Disse que éramos os primeiros hóspedes e seríamos
os únicos por algum tempo. Aquilo não foi muito animador, tendo em vista que o
casarão era gigantesco e escuro. Organizamos nossas coisas no quarto e já fomos
à rua para finalmente conhecermos a cidade com mais tranquilidade.
A pousada Gato
Negro ficava na principal rua da cidade. Atrás da pousada passava o Rio
Urubamba muito marrom devido à sujeira, conforme nos contou Davi. Aquele rio
corria uma grande quantidade de cidades. Em uma montanha no vale do rio fica a
famosa “cidade perdida dos incas”, Machu Picchu. Em frente a pousada havia uma
vendinha, entre tantas outras na cidade. Aquela rua abrigava todo tipo de
comércio, de bares a lanchonetes, hostels, paragens de ônibus, mecânicos e etc.
Tudo isso em poucas quadras de extensão.
Todas as outras
ruas da cidade tinham um aspecto mais rústico e preservado pela cultura inca. A
cidade era pacata mas bastante turística como muitas naquela região do Vale
Sagrado. Ônibus e vans chegavam todos os dias com turistas para passeios pela
feira de artesanatos e com grande frequência víamos brasileiros com
comportamento bem lamentável.
A chuva deu
uma trégua e após organizarmos nossas coisas fomos passear pela cidade mais
relaxados. Conhecemos a feira com seus artesanatos realmente impressionantes
pela beleza e capricho. Vi vários itens que gostaria comprar. A feira fica na
praça central da cidade, também chamada de Praça de Armas. Nela fica a igreja
matriz da cidade, muito bela tanto por dentro quanto por fora.
Levei a Mel
para conhecermos o Ulrike’s, o local onde Richard deveria ter nos encontrado no
primeiro dia. O lugar era aconchegante, com várias salas que tornavam o lugar
algo parecido com um casarão ou uma villa. Dentro, apenas estrangeiros. A
maioria, europeus. Encontramos um lugar para nós e nos sentamos após pedirmos
um cardápio. Os preços eram exorbitantes e condizia apenas com a conta bancária
dos europeus, que quando convertiam seus euros em soles peruanos rendia quase 4
vezes mais. Um simples pão com ovo por quase 10 reais. Nos bastamos a pedir o
básico e planejamos ir lá apenas para utilizar o wi-fi e talvez um cafezinho.
Mas nada que poderia nos animar pois a conexão era sofrível e remetia aos
tempos da internet discada de 56kbps.
Pouco tempo
depois resolvemos voltar para a pousada. Eu mal podia esperar pelo momento de
tomar um banho quente e revigorador e relaxar em uma cama confortável e macia.
No caminho passamos por um supermercado (o único de Pisac) para comprar alguns
mantimentos. Aquele supermercado era um dos piores que vi na vida. Nada tinha
preço e quando você quisesse saber, teria que perguntar ao dono que ficava no
caixa e ele daria o preço baseado na sua cara. Comigo, claro, tudo era caro.
Nos bastamos a comprar ovos e miojo.
De volta à
pousada, organizamos melhor nossas coisas no quarto e me preparei para o banho
quando a noite já havia caído. O banheiro ficava no final de um longo corredor
onde nenhuma lâmpada acendia. A sensação de percorrer aqueles quinze passos do
quarto ao banheiro era a coisa mais horripilante do mundo. Eu sempre sentia que
tinha alguém atrás de mim ou que uma das portas do corredor se abriria e algum
demônio pegaria meu braço. Passamos um mês assim e durante todo aquele mês Mel
não aceitou ir no banheiro sozinha uma vez sequer. Nem de dia.
Conforme as
instruções de Davi, liguei o disjuntor para só depois abrir o registro do
chuveiro. Não havia nenhum sinal de energia vinda do chuveiro e a água caia
como grafites de lapiseira atravessando sua pele de tão fria. Tentei mais
algumas vezes e nada. Quase todos os outros quartos da pousada tinham seu
próprio banheiro com chuveiro mas como ainda estavam em obras nenhum deles
tinha energia ligada ainda ou sequer água corrente. Tratei de ligar para Davi
imediatamente mas ele não atendia. Enviei um SMS informando que o chuveiro não
ligava e tomei aquele banho de gato aos urros de desespero. Fiquei com pena da
Mel que quando foi tomar banho saiu com o cabelo até duro de tão gelada que
estava a água.
Depois do “banho”
preparamos miojo com ovo cozido. A pousada ainda não tinha cozinha então
utilizamos nossa espiriteira no quarto mesmo. Assistimos o último filme que
ainda não tínhamos visto no computador e fomos dormir.
Alegria ter noticias suas. Vocês estão bem? Queria um dia nos encontrar. Devemos estar passando pelo Peru de aqui a um ano mais o menos. Estamos com o Blog no ar: http://blog.mybigdream.co
ResponderExcluirUm grande e forte abraço para Mel e para ti de Serafín e Shirley.
Alegria ter noticias suas. Vocês estão bem? Queria um dia nos encontrar. Devemos estar passando pelo Peru de aqui a um ano mais o menos. Estamos com o Blog no ar: http://blog.mybigdream.co
ResponderExcluirUm grande e forte abraço para Mel e para ti de Serafín e Shirley.
Olá meu amigo Serafin! Infelizmente não estamos mais no Peru! Nossa Expedição se encerrou bem antes do esperado. Estamos de volta à Bauru-SP>
ExcluirSeria uma grande satisfação e imenso prazer um dia poder conhece-los!
Um grande abraço para ti e para Shirley!