9 de dez. de 2014

DIA 39 - PISAC - PERU (terceiro dia)

Pela manhã do dia seguinte organizamos nossas coisas para nos mudarmos para a pousada de Davi.  Enquanto organizávamos nossas coisas, Richard tomava banho de sol somente de cuecas sentado em posição de meditação sob a grama do quintal. Pouco antes de partirmos ele entrou e disse que já tinha “se alimentado”. Nos despedimos, o agradecemos e partimos.
Davi nos recebeu, me ajudou a colocar a moto no local reservado, recebeu o dinheiro e nos deu uma cópia das chaves. Disse que éramos os primeiros hóspedes e seríamos os únicos por algum tempo. Aquilo não foi muito animador, tendo em vista que o casarão era gigantesco e escuro. Organizamos nossas coisas no quarto e já fomos à rua para finalmente conhecermos a cidade com mais tranquilidade.
A pousada Gato Negro ficava na principal rua da cidade. Atrás da pousada passava o Rio Urubamba muito marrom devido à sujeira, conforme nos contou Davi. Aquele rio corria uma grande quantidade de cidades. Em uma montanha no vale do rio fica a famosa “cidade perdida dos incas”, Machu Picchu. Em frente a pousada havia uma vendinha, entre tantas outras na cidade. Aquela rua abrigava todo tipo de comércio, de bares a lanchonetes, hostels, paragens de ônibus, mecânicos e etc. Tudo isso em poucas quadras de extensão.
Todas as outras ruas da cidade tinham um aspecto mais rústico e preservado pela cultura inca. A cidade era pacata mas bastante turística como muitas naquela região do Vale Sagrado. Ônibus e vans chegavam todos os dias com turistas para passeios pela feira de artesanatos e com grande frequência víamos brasileiros com comportamento bem lamentável.
A chuva deu uma trégua e após organizarmos nossas coisas fomos passear pela cidade mais relaxados. Conhecemos a feira com seus artesanatos realmente impressionantes pela beleza e capricho. Vi vários itens que gostaria comprar. A feira fica na praça central da cidade, também chamada de Praça de Armas. Nela fica a igreja matriz da cidade, muito bela tanto por dentro quanto por fora.
Levei a Mel para conhecermos o Ulrike’s, o local onde Richard deveria ter nos encontrado no primeiro dia. O lugar era aconchegante, com várias salas que tornavam o lugar algo parecido com um casarão ou uma villa. Dentro, apenas estrangeiros. A maioria, europeus. Encontramos um lugar para nós e nos sentamos após pedirmos um cardápio. Os preços eram exorbitantes e condizia apenas com a conta bancária dos europeus, que quando convertiam seus euros em soles peruanos rendia quase 4 vezes mais. Um simples pão com ovo por quase 10 reais. Nos bastamos a pedir o básico e planejamos ir lá apenas para utilizar o wi-fi e talvez um cafezinho. Mas nada que poderia nos animar pois a conexão era sofrível e remetia aos tempos da internet discada de 56kbps.
Pouco tempo depois resolvemos voltar para a pousada. Eu mal podia esperar pelo momento de tomar um banho quente e revigorador e relaxar em uma cama confortável e macia. No caminho passamos por um supermercado (o único de Pisac) para comprar alguns mantimentos. Aquele supermercado era um dos piores que vi na vida. Nada tinha preço e quando você quisesse saber, teria que perguntar ao dono que ficava no caixa e ele daria o preço baseado na sua cara. Comigo, claro, tudo era caro. Nos bastamos a comprar ovos e miojo.
De volta à pousada, organizamos melhor nossas coisas no quarto e me preparei para o banho quando a noite já havia caído. O banheiro ficava no final de um longo corredor onde nenhuma lâmpada acendia. A sensação de percorrer aqueles quinze passos do quarto ao banheiro era a coisa mais horripilante do mundo. Eu sempre sentia que tinha alguém atrás de mim ou que uma das portas do corredor se abriria e algum demônio pegaria meu braço. Passamos um mês assim e durante todo aquele mês Mel não aceitou ir no banheiro sozinha uma vez sequer. Nem de dia.
Conforme as instruções de Davi, liguei o disjuntor para só depois abrir o registro do chuveiro. Não havia nenhum sinal de energia vinda do chuveiro e a água caia como grafites de lapiseira atravessando sua pele de tão fria. Tentei mais algumas vezes e nada. Quase todos os outros quartos da pousada tinham seu próprio banheiro com chuveiro mas como ainda estavam em obras nenhum deles tinha energia ligada ainda ou sequer água corrente. Tratei de ligar para Davi imediatamente mas ele não atendia. Enviei um SMS informando que o chuveiro não ligava e tomei aquele banho de gato aos urros de desespero. Fiquei com pena da Mel que quando foi tomar banho saiu com o cabelo até duro de tão gelada que estava a água.
Depois do “banho” preparamos miojo com ovo cozido. A pousada ainda não tinha cozinha então utilizamos nossa espiriteira no quarto mesmo. Assistimos o último filme que ainda não tínhamos visto no computador e fomos dormir.




3 comentários:

  1. Alegria ter noticias suas. Vocês estão bem? Queria um dia nos encontrar. Devemos estar passando pelo Peru de aqui a um ano mais o menos. Estamos com o Blog no ar: http://blog.mybigdream.co
    Um grande e forte abraço para Mel e para ti de Serafín e Shirley.

    ResponderExcluir
  2. Alegria ter noticias suas. Vocês estão bem? Queria um dia nos encontrar. Devemos estar passando pelo Peru de aqui a um ano mais o menos. Estamos com o Blog no ar: http://blog.mybigdream.co
    Um grande e forte abraço para Mel e para ti de Serafín e Shirley.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá meu amigo Serafin! Infelizmente não estamos mais no Peru! Nossa Expedição se encerrou bem antes do esperado. Estamos de volta à Bauru-SP>
      Seria uma grande satisfação e imenso prazer um dia poder conhece-los!
      Um grande abraço para ti e para Shirley!

      Excluir