Pois é, amigos. Nossa Expedição chegou a um ponto onde terei
que transformar dias em semanas. Isso porque ficamos estacionados em Pisac
durante todo o mês de dezembro de 2014. Então pode imaginar que não haviam mais
novidades todos os dias como quando estávamos na estrada.
A seguir irei narrar os fatos
mais marcantes da conclusão de nossa primeira semana em Pisac.
No terceiro dia
tomando banho frio já estávamos querendo matar Davi. Ele não aparecia na
pousada (nem nenhuma outra alma viva) e não atendia o telefone. No final do
terceiro dia finalmente atendeu após eu enviar um SMS nada amistoso. Estava
completamente bêbado e seja lá o idioma que falava comigo não era português nem
espanhol. Como já havíamos pago o mês todo a ele, não poderíamos simplesmente
levantarmos e ir embora por descontentamento. Tínhamos que lidar com a
situação. Fui bastante direto com Davi pelo telefone e quando desliguei decidi
tentar resolver o problema sozinho. Troquei o chuveiro por outro de um dos
banheiros que ainda não funcionavam para só assim descobrir que o problema não
era um simples chuveiro queimado. A energia não chegava no chuveiro. Enquanto
Mel me pedia para desistir daquilo, fui pensando numa forma de resolver o
problema improvisadamente. Alguns quartos estavam com materiais de elétrica e hidráulica
para a construção dos quartos e num deles encontrei uma extensão. Quando baixou
o espírito do McGuyver, eu desconectei os fios dos polos do chuveiro e os
adaptei em um benjamim. Liguei o benjamim na extensão e liguei na tomada. Supus
que assim a energia chegaria até o chuveiro e ele ligaria. A Mel estava
apavorada com aquela gambiarra e tomava cada vez mais distância. Quando liguei
o chuveiro: água quente!!! Oba!! Arranquei a roupa e já comecei a tomar o tipo
de banho que há dias eu sonhava. Foi quando: puf! A energia de todo o prédio
desligou. Eu fiz tudo certo na gambiarra, só me esqueci de verificar a voltagem
do chuveiro e da tomada.
Bom, naquela época
eu entendia ainda menos de elétrica do que entendo hoje (ou seja, menos que
nada). Eu e a Mel não entendemos o que acontecemos naquela altura mas vocês
podem imaginar que quando a energia apagou comigo pelado debaixo d’agua, eu
quase me borrei. Foi, novamente, banho de gato. E ficamos naquela noite no
escuro contando piadas até dormir pois o notebook estava já com a bateria
fraca.
No final do dia
seguinte quando Davi finalmente apareceu na pousada, disse que o disjuntor no
prédio havia sido desligado na rua. Bom, hoje eu sei que certamente a energia
caiu por causa de uma sobrecarga que criei com a gambiarra do chuveiro na
tomada. Claro que não falei nada para ele.
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